O profeta Samuel viveu pouco mais de um milénio antes da era cristã, num tempo de transição na vida nacional de Israel. Foi ele a providência divina para encerrar o período dos Juizes, inaugurar a era dos Profetas, e estabelecer a monarquia entre os hebreus (Jz 21:25).
Ele próprio foi o último dos juizes e o primeiro dos profetas, depois de Moisés. Entre o seu povo, realizou excelente ministério - árduo, longo e eficaz.
I – PEDIDO ADEUS
Samuel não nasceu por acaso. Foi a intervenção divina em resposta a fervorosa oração de Ana, sua mãe.
1. A oração de Ana - "Senhor dos Exércitos, .... se me deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua w'da..."(1 Sm 1:11).
A chegada de Samuel solucionou um sério problema que afligia Ana e lhe trouxe estímulo, alegria e felicidade no lar. (1 Sm 1:10-18)
2. Os sofrimentos de Ana e o companheirismo de Elcana
Nos dias sofridos de Ana, ela sempre contou com a compreensão e ternura do esposo. Nunca a desprezou por ser estéril, dava-lhe assistência, afagava-a e lhe consolava o coração (1 Sm 1:5-8). Temos aqui um casal exemplar temente a Deus, paciente nos sofrimentos, amoroso e unido, desprendido e confiante. Por falta destas virtudes muitos lares estão se desfazendo.
Aplicação: Sigamos o seu exemplo, levando a Deus todos os nossos problemas. Ele soluciona, restaura e dá felicidade.
II – DEDICADO A DEUS
1.0 voto de Ana -"... ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida...” (I Sm 1:11) Sentimos a felicidade de Ana, no seu cântico, no capítulo 2. Alegre e grata, voluntariamente, faz sério compromisso com Deus, devolver-lhe o filho que lhe daria, para o Seu serviço. Não que Deus lhe tenha pedido, mas aceitou a sua generosidade e grandeza de alma.
2. A fidelidade de Ana
No tempo próprio, Ana cumpre fielmente a sua palavra. Desmamada a criança, vai ao sacerdote em Silo, e ali formaliza o cumprimento do seu voto (1 Sm 1:26-28). Com Ana não há egoísmo, e sim um nobre gesto de dedicação e confiança sem limites. Pois deixa ali, sob os cuidados do velho sacerdote, a corda do seu coração, como prometera ao Senhor (1 Sm 1:24).
O voto é uma obrigação voluntária assumida com Deus, em virtude de algum favor recebido. Embora voluntário, Deus exige dos Seus servos o cabal cumprimento da promessa.
III – CHAMADO POR DEUS
Abrindo e fechando as portas do Tabernáculo, o pequeno Samuel já se exercitava, ajudando o ministério de Eli, embora não conhecesse ainda o Senhor (1 Sm 3:7,15; 2:18).
1. A chamada de Samuel
Certo dia, na calada da noite, Samuel é despertado pela voz do Senhor, dizendo: "Samuel, Samuel". E isso aconteceu por três vezes. Como não entendeu, foi ao sacerdote Eli que o orientou como proceder na próxima vez (1 Sm 3:8-9). Na quarta chamada, Samuel atende, e Deus lhe revela a Sua indignação para com a casa de Eli, e o seu propósito em puni-la, por causa dos escândalos dos seus filhos ministros, visto que anteriormente já haviam sidos advertidos dos seus pecados (1 Sm 3:10-14; 2:22-25).
2. A sensibilidade e humildade de Eli
Por respeito ao velho sacerdote, sua condição de discípulo e sua pouca idade, Samuel se retraiu, cobrando de si mesmo jeito e ânimo para dizer ao homem de Deus o duro recado do Senhor (1 Sm 3:15). Experimentado que era, Eli percebeu as suas dificuldades e o chamou, dizendo: "Samuel, que é que o Senhor te falou? Não mo encubras...". E Samuel lhe relatou tudo. Humildemente, Eli acatou, dizendo: "É o Senhor; faça o que lhe aprouver" (1 Sm 3:16-18).
Assim se confirmava a chamada de Samuel como profeta de Deus, e toda a nação, de norte a sul, desde Da até Berseba, o reconheceu profeta do Senhor (1 Sm 3:19-21).
Dois ministros exemplares. Pois eram dois extremos em idade e experiência. Como souberam usufruir a ajuda mútua no ministério, respeitando a autoridade de cada um, nas suas diferentes posições e limites? Isto é que é ser ministro de Deus.
VI – USADO POR DEUS
Os capítulos 4 a 7 de 1 Samuel relatam as dramáticas experiências de um povo que se afastara de Deus. A Arca já não passava de símbolo, e o inimigo o humilhou.
1. A Arca no exílio
Os filisteus levaram a arca para a sua terra e a depositaram diante do seu ídolo - Dagon, como desrespeito a Israel e o seu Deus (1 Sm 5:2-4). Mas o ídolo amanhecia caído e até rebentado. Deus feriu também os filisteus de tumores malignos em cada cidade. A presença da Arca só lhes deu sofrimento e perturbação (1 Sm 5:1-12).
2. A volta da Arca
Apavorados, resolveram devolver a Arca. Estudaram a melhor forma, ajuntaram a ela valiosas ofertas por suas culpas e conduziram-na até Bete-Semes, em Israel (1 Sm 6:8, 11-12). Porém a alegria dos Bete-semitas pela recepção da Arca durou pouco, só até que um grupo de curiosos não qualificados se atreveu a olhar para dentro da Arca. O Senhor os puniu de morte. Finalmente, levaram a Arca para Quiriate-Jearim. Consagraram a Eliezer para cuidar dela e assim houve paz e bonança. Ali ela repousou por vinte anos (1 Sm 6:1-7:2).
3.0 avivamento em Israel e a derrota dos filisteus
Desde o capítulo 4 até o capítulo 6 não se percebe a voz do profeta e do sacerdote, nem a atuação do juiz. Percebe-se, no entanto, a queda total do povo de Deus.
Samuel apareceu naquela depressão nacional e congregou o povo em Mizpa. Promoveu ali um grande avivamento espiritual. Houve jejuns, intercessão, confissão de pecados, adoração e união nacional. Aí, sim, Deus operou em Israel. O inimigo foi desbaratado e posto em fuga, o Senhor foi glorificado e a nação salva e honrada (1 Sm 7:5-12).
4.0 juizado de Samuel
Homem extraordinário foi o profeta Samuel. Encarna a figura do antítipo de Cristo: profeta, sacerdote e rei. Governava o povo, sacrificava e intercedia, ensinava e instruía o povo do Senhor. Supervisionava o país, fazia respeitar a Deus, a si e à nação. São de pessoas assim que testifica o escritor da Carta aos Hebreus, dizendo: "E que mais direi ainda... o tempo necessário me faltará para referir o que há a respeito ...de Samuel e dos profetas; os quais pela fé subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam bocas de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos na batalha, puseram em fuga exércitos de estrangeiros" (Hb 11:32-34).
Samuel, o grande servo de Deus, está aí, na galeria dos heróis da fé. Exatamente porque foi pedido a Deus, dedicado a Deus, chamado por Deus e bem usado no serviço de Deus.
Aplicação:
E a galeria do Senhor dos Exércitos ainda não se completou. Ainda estamos faltando eu, você, e todos nós. Vamos nos alistar também a uma vida de fé, submissão, obediência e trabalho.
